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A questão Palestina e o futebol

Por Camilla Alves 

 Com a geopolítica tendo uma mudança visível desde o fim da Guerra Fria, um dos conflitos locais que mais chama a atenção mundial pela barbárie e que mesmo assim é deixado de lado pelos órgãos competentes, é a chamada “Questão Palestina”. A história do conflito envolve mais do que um simples pedaço de terra injustamente dividido entre dois povos: abrange os campos políticos, sociais e religiosos. A Palestina hoje luta para ser reconhecida como um país de fato, e apesar de potências mundiais terem se colocado ao lado do Estado, tal decisão vai muito além do que um discurso. Em busca desse reconhecimento, o futebol vem sendo extremamente importante para levantar a bandeira do povo que sofre um genocídio por décadas.

A QUESTÃO PALESTINA

 

 

 

 

Devido a chamada diáspora (processo de dispersão dos Judeus após a conquista do território em questão pelos Assírios), os hebreus deixaram a região da Palestina e se espalharam pelo mundo, tendo na Europa a maior concentração. A partir daí, os árabes, descendentes de povos nômades, se unificaram e formaram um dos maiores impérios já vistos pela humanidade, abrangendo toda a região perdida pelos judaicos. Por tanto tempo ficaram na região que desenvolveram campos da arte e da ciência estudados e utilizados até hoje.

 Como toda dinastia já existente, o povo árabe encontrou o seu declínio em algum momento. Dentro do próprio império passou a existir outros reis, e a separação dos povos teve como momento crucial a derrota na península ibérica. A única dinastia restante de toda a unificação árabe foi o Império Turco-Otomano, que teve o seu fim após a 1° GM, dando lugar ao colonialismo franco-britânico, essencial para o surgimento de vários estados nacionais.

 Em meio a todos estes acontecimentos, os hebreus somente migraram para a Palestina (milhares de anos após a conquista assíria) com a criação do Nazismo na Europa, renascendo assim também o Sionismo (reunião de todo o povo Judeu disperso pela diáspora), fazendo com que a ONU proclamasse o Estado de Israel, em maio de 1948, preenchendo 53% do espaço territorial palestino, ocupado pelo povo árabe pelo menos desde o início do Império Turco-Otomano, em 1299.

 Tal atitude foi rechaçada pelo povo árabe. Revoltados, deram início ao confronto armado que resultou em inúmeros episódios de guerra. Países de fora da questão se envolveram, como os EUA apoiando Israel (a fim de vender os armamentos remanescentes das guerras passadas) e a Rússia em apoio à Palestina. Até hoje as batalhas se desenrolam, e o povo palestino é massacrado sem nenhuma intervenção ou representação da ONU, que deveria zelar pela paz mundial. Atualmente, o território palestino limita-se a Faixa de Gaza, ao sul do Mar Mediterrâneo e a Cisjordânia, próximo ao Mar Morto, regiões separadas por quase 45 km.

A REPRESENTAÇÃO DO FUTEBOL PARA A PALESTINA

 O futebol vem sendo mais um meio a levar a bandeira Palestina mundo afora, pelo fato de chamar os torcedores ao estádio e fazer com que, com paixão, seja carregada a bandeira de um Estado que luta por reconhecimento. 

 Em 2011, ano do primeiro jogo oficial de eliminatórias em terras palestinas, alguns jogadores

deram entrevistas sobre a importância do momento, caso de Murad Ismael, de 26 anos:

“Quando times vêm jogar na nossa terra, é um reconhecimento de que existe um Estado

palestino. Isso beneficia a causa e não somente o esporte”.

 O presidente da Federação também é um símbolo de mudança e resistência. Jibril Rajoub passou

17 anos preso em Israel, e deixou o campo político para assumir o cargo mais importante do esporte

no país. Rajoub afirma que a Palestina usa o esporte para mandar uma mensagem nacionalista para o

mundo: “Somos iguais a todo mundo. O esporte é para nós uma maneira de atingir nossos objetivos

nacionais”.

 Apesar da visibilidade mundial, um problema que ainda persiste são as restrições de

mobilidade impostas por Israel aos atletas e comissão técnica. A delegação necessita de autorização do governo israelense para cruzar a Faixa de Gaza, entrar e sair da Cisjordânia e etc. Em meados de 2007 e 2008, tal imposição israelense era algo mais presente e pesado, mas atualmente as coisas se encontram mais fáceis.

A FORÇA E O FUTURO

 A cada ano, o movimento em prol da liberdade palestina ganha mais força mundialmente. Hoje, a Palestina é reconhecida por 70% dos membros da Assembleia Geral da ONU (134 de 192 países). Cada vez mais a pressão internacional é maior pela independência do território, porém o que mais preocupa atualmente são os violentos conflitos. Mais de centenas de milhares de mortes já foram contabilizadas, e o ano passado foi considerado um dos mais sangrentos de toda a história da guerra. O que se deseja é a intervenção da ONU - Organização das Nações Unidas -, nem que seja somente para acabar com a violência. O povo Palestino é o que mais sofre com a destruição de cidades e famílias, em cenas que parecem ter como objetivo o extermínio.

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 A Palestina é mais um exemplo de que o futebol pode ser muito mais do alguns homens correndo atrás de uma bola. Esse esporte transcende as quatro linhas, e são exemplos como esses que nos confirmam sua importância global. 

 

 

 

 

 

 

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