
Portão 10: uma paixão em três cores
Por Almir Cunha
Na Série “Barras Bravas, uma outra forma de torcer”, você vai conhecer a Torcida Portão 10, barra que representa o Santa Cruz Futebol Clube nas arquibancadas mundo afora.
Quando o assunto Torcida Organizada chega a uma roda de conversa, a opinião é comungada pela maioria, sendo a concepção pelo assunto direta e taxativa: “esses torcedores são arruaceiros e só fazem brigar”. É o famoso estereótipo tão presente em nossa sociedade. Não podemos deixar de registrar nosso repúdio à violência no futebol e reconhecer que, querendo ou não, pessoas com outra mentalidade, - onde a última relaciona-se com a paixão de torcer pelo clube do coração -, estão infiltradas nas torcidas organizadas para provocar brigas e cenas de selvageria, denegrindo a imagem do futebol.
E falar em violência no futebol sem citar as Barras Bravas é quase que contar a história pela metade. Tudo começou na Argentina dos anos 50, onde os hermanos já estavam acostumados a presenciar tantas cenas lamentáveis. Sendo a última e derradeira, o falecimento de um torcedor do River Plate, em 1958. Naquele cenário devastador e violento, surgiam Barras Bravas da Argentina. O objetivo era se defender das investidas violentas dos arquirrivais. Em determinado período, dirigentes bancavam esses torcedores com passagens para apoiar o time em outras cidades. E o critério para financiar essas viagens dependia do grau de violência dessas torcidas, ou seja, era estimulante arrumar confusão, fazendo com que o aumento das pancadarias e os índices de mortes crescesse absurdamente.
“Barra Brava La Guarda Imperial, do Racing, clube da primeira divisão do Campeonato Argentino. Foto: Leandro Pepe
De origem latina americana, as Barras usam instrumentos como a murga e os metais nas arquibancadas. Aqui no Brasil, a primeira torcida a aderir o estilo das Barras foi Juventus da Mooca, de São Paulo, batizada como Setor2. Logo em seguida, a Geral do Grêmio foi fundada, abrindo o leque para demais fundações. Outras características comuns as barras, que chega ser uma regra, é o de usar a camisa oficial do clube, não confeccionando camisas uniformizadas, presentes nas Torcidas Organizadas, a exemplo da Inferno Coral, no caso do Santa Cruz; e cantar incondicionalmente o tempo inteiro, até o último apito do árbitro, com cânticos incentivadores e de letras direcionadas exclusivamente ao estímulo da equipe de coração. Sem demérito ou querendo comparar, as organizadas proferem músicas pejorativas e carregadas de palavrões ao time adversário.
PORTÃO 10
Aqui em Pernambuco, palco de belos espetáculos com os seus três estádios (Arruda, Aflitos e Ilha do Retiro) sempre lotados, sendo responsáveis por bonitas festa, a história não poderia ser diferente.
O Santa Cruz Futebol Clube recebeu em 2007 a notícia de que torcedores apaixonados pelo tricolor do Arruda fundaram e apresentaram uma nova forma de torcer nas arquibancadas do Mundão, surgindo a ainda denominada Avante Santa Cruz. Foi com o deslocamento de setor – das sociais para as arquibancadas – justamente no portão de saída que tinha a numeração 10, onde os torcedores corais modificaram o nome, nascendo ali a Portão 10.
“Ganhes ou percas, sigo a te apoiar até o fim da minha vida”
Em uma breve definição de sua ideologia no site oficial da torcida, os fanáticos pelas cores vermelho, branco e preto afirmam categoricamente: “Não somos uma torcida organizada, não exaltamos nem nunca exaltaremos nosso nome, vivemos apenas o Santa Cruz. É por ele que cantamos, é por ele que lutamos, é por ele que vivemos. Nossa camisa é e sempre será o manto CORAL.” E o seu lema é curto: “nunca desistir e sempre apoiar”.
Membro e fundador da Portão 10, Lucas Pinto nos contou um pouco dessa bonita história que envolve uma paixão incondicional e sem fronteiras. Assista ao vídeo:


Foto: Reprodução/Facebook
Edição: Marcelo Bandeira
Continuação: Barras Bravas - Parte 2