
Paratletismo: histórias e desafios em busca dos direitos
O Esporte no Brasil
O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é a instituição que rege o desporto paralímpico no Brasil. Sua função é organizar a participação do país em competições, promover o desenvolvimento dos diversos esportes e organizar o calendário de competições de cinco modalidades: atletismo, halterofilismo, esgrima em cadeira de rosas e tiro esportivo.
O atletismo paralímpico é praticado por atletas com deficiência física, visual, intelectual, amputados, paralisados cerebrais, lesados medulares, entre outras deficiências físicas. Há provas de corrida, saltos, lançamentos e arremessos. Nas corridas, os atletas com deficiência visual mais alta podem ser acompanhados por guias, ligados a eles por uma corda. Já entre os deficientes físicos, há corridas com o uso de próteses ou em cadeira de rodas. Os competidores são divididos em grupos de acordo com o grau de deficiência constatado pela classificação funcional.
A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) é o órgão responsável pela organização dos eventos, pelo planejamento do esporte no Brasil, pela criação de normas que regem o esporte e pela representação dos atletas do atletismo no Brasil.
A Federação Pernambucana de Atletismo (FEPA), fundada em 1979 é uma associação de fins não econômicos e não lucrativos, de caráter desportivo, filiada à Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). A federação é responsável por administrar, difundir e incentivar o desporto e promover a realização de competições oficiail.
Projeto Paratleta
O Núcleo de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Pernambuco (NEFD/UFPE) desenvolve desde 2002 o Projeto Paratleta, que tem o objetivo de proporcionar o acesso da prática esportiva à comunidade de pessoas com deficiência, na perspectiva do exercício da cidadania. A ideia é adotar a prática do atletismo com a finalidade de assegurar a promoção social e da saúde.
Ismael Marques, treinador da equipe de paratletismo da UFPE, realiza treinamentos intensivos em diversas modalidades com os atletas a fim de dar oportunidades de crescimento no esporte desporto e dos competidores se destacarem em competições de campeonatos estaduais e regionais como, o Campeonato de Atletismo Norte-Nordeste 2017, por exemplo, onde uma das etapas aconteceu nos dias 01 e 02 de abril no Centro Esportivo Santos Dumont, em Boa Viagem. O objetivo é dar destaque ao esporte paralímpico no estado, demonstrando aos atletas que eles são capazes de competir e de ganhar.
Eduardo, 41 anos, é paratleta e aluno do Núcleo de Educação Física e Desportos da UFPE. Vítima de assalto há dois anos, foi atingido por uma bala na coluna que o deixou paraplégico. Sua vida mudou completamente e durante muito tempo, ficou deprimido. Eduardo conheceu o esporte e o projeto da UFPE através de um colega que treinava no núcleo e após conhecer o esporte adaptado, se tornou atleta UFPE e passou a frequentar o centro desporto todos os dias, de segunda à sexta-feira. Praticando a modalidade de lançamento de dardo, do atletismo, em tão pouco tempo, conquistou o campeonato Norte-Nordeste e é o atual campeão pernambucano no lançamento de dardo. "O esporte paralímpico pra mim, foi uma das melhores coisas que aconteceram depois do acidente", afirmou orgulhoso.

Após o campeonato estadual e a vitória no Campeonato Norte-Nordeste, Eduardo conseguiu a classificação para participar, na sua modalidade, do Campeonato Brasileiro de Atletismo, conquistando o 3° lugar. "A gente conseguiu um bom resultado, foi a primeira vez que participei de um campeonato nacional e ganhar o 3° lugar brasileiro foi muito especial".
Os desafios no esporte para Eduardo, já começam no percurso para chegar a UFPE. Morador da Cidade de Paudalho, Zona da Mata Norte do estado, Eduardo vem todos os dias, de segunda à sexta das 14h às 17h treinar o esporte. Sem o apoio financeiro da prefeitura de sua cidade, ele tem de lidar com os custos diários do transporte para treinar. Ele questiona ainda que, apesar dos esforços, são poucos que acreditam no potencial dos paratletas.
A Universidade cede o espaço e os equipamentos para eles treinarem, o acompanhamento de treinadores, o apoio de estagiários de educação física e atendimentos a psicólogos, mas não há ajuda para custeio de gastos em competições.
Apesar das dificuldades, Eduardo é um campeão, alcançou o primeiro lugar no Campeonato Pernambucano e por esta posição foi contemplado no programa Bolsa Atleta estadual e durante um ano, receberá um auxílio. Mas ele ressalta que é um desafio se manter no ranking dos três melhores para garantir o incentivo, pois o benefício só é concedido aos paratletas que ficaram entre os 03 primeiros lugares em cada modalidade.
Bolsa Atleta Nacional
O governo brasileiro criou em 2005, o Programa Bolsa Atleta Nacional, é um patrocínio destinado a atletas brasileiros de alto rendimento que obtenham bons resultados em competições nacionais e internacionais de sua modalidade.

O Bolsa-Atleta atende atletas que tenham obtido bons resultados independentemente de sua condição econômica e sem necessidade de intermediários. A principal prestação de contas do atleta ao governo e à sociedade é a obtenção de resultados expressivos nas disputas. Programa como o Bolsa Atleta Nacional foi adaptado e o Governo do Estado criou o Bolsa Atleta PE.
Programa Bolsa-atleta Estadual
O Programa é do Governo do Estado de Pernambuco e é gerido pela Secretaria dos Esportes. O benefício visa dar condições para que os atletas e paratletas se dediquem ao treinamento esportivo. O auxílio é mensal e tem duração de 12 meses. Os contemplados no Programa Bolsa Atleta de Pernambuco 2016/2017, no total foram 300 atletas de 23 modalidades. A ajuda de custo varia entre R$380 e R$2,5mil nas categorias de competição entre regional, estadual, nacional e financeira internacional.

Neste mês de abril, no Centro de Esporte Lazer e Cultura Alberto Santos Dumont, em Boa Viagem estará havendo mais uma etapa da competição Norte-Nordeste em várias modalidades do Atletismo e Eduardo, Leilane e Douglas estarão lá.
Douglas Fernandes de 27 anos é o mais novo recém-chegado da equipe de Atletismo do Núcleo de Desporto da UFPE. Morador do bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, Douglas é um jovem sonhador que passou por grandes mudanças na vida. Quando mais novo, ingeriu bebida alcoólica, dirigiu e se envolveu em um acidente de trânsito que lhe deixou paraplégico aos 19 anos de idade. Com a promessa de que um dia voltaria a andar, passaram-se oito anos desde o acidente e pouca coisa havia mudado. Através de uma ajuda da professora do seu filho, ele foi conhecer o projeto paratleta da UFPE e viu ali o caminho para a mudança. Treinando há 10 meses no local, Douglas está se preparando para o primeiro desafio, a competição regional do Campeonato Norte-Nordeste de Atletismo. Competindo oficialmente pela primeira vez, ele irá participar de três modalidades: arremesso de peso, lançamento de disco e de dardo.
Leilane, 23 anos é paratleta e faz parte da equipe de Atletismo de Desporto da UFPE. Residente na cidade de Gravatá, interior de Pernambuco, ela vem todos os dias treinar no núcleo. Quando tinha 14 anos, Leilane passou por um grande desafio na sua vida. Teve parada cardiorrespiratória e após cair da escada, ficou em coma por quase dois meses. Após acordar do coma, descobriu que havia ficado paraplégica e com alguns problemas de saúde. Parte da sua infância e adolescência foram em visitas e acompanhamentos médicos com neurologistas, hidro terapeutas psicólogos e fisioterapeutas. Após conhecer o trabalho do Núcleo de Educação Física da Universidade, ela se inscreveu e há dois anos faz parte do projeto paratleta.
No ano passado, participou pela primeira vez do campeonato regional, conquistando o ouro. Devido a sua ótima atuação, foi indicada para o Campeonato Brasileiro de Atletismo que aconteceu em São Paulo e após fazer a prova em um tempo quase recorde (4’’55’) no arremesso de peso, foi levada para fazer o teste antidoping, mas deu negativo.
Neste ano, Leilane tem mais um desafio. Antes ela tinha a prova de uma modalidade na sua classe. Este ano, ela irá competir pelo ouro em três modalidades esportivas: arremesso de peso, lançamento de disco e de dardo. Pela sua colocação na competição do ano passado, Leilane receberá o benefício da bolsa atleta do Governo do Estado e treina intensivamente para conquistar uma boa colocação nos campeonatos deste ano.
Por Sharon Baptista
Fonte: Ministério dos Esportes
Fonte: Ministério dos Esportes