
Minha primeira vez no estádio de futebol
O domingo amanheceu lindo. Finalmente ia conhecer um estádio de futebol e assistir uma partida do meu time do coração. Naquele dia, parecia estar tudo favorável para, enfim, assistir o jogo ao vivo e a cores, vivinho da Silva! O dia estava ensolarado, o sol brilhando que só ele. No rádio, não ouvi nenhuma previsão de chuva, o ingresso já tava na mão fazia era tempo, eu pegava tanto nele que via a hora de rasgar. Chegou o dia, minha primeira vez no estádio de futebol. Simbora!
O jogo estava marcado para começar às 16h. Ansioso como sou, almocei rapidamente, vesti o manto sagrado, vermelho e preto, e saí de casa ao meio-dia, em ponto. A partida ia acontecer na Arena Pernambuco, lugar grande, bonito e que até então eu só tinha visto por foto e que foi palco da Copa do Brasil em 2014.
Eu, morador do Recife, uma das cidades em que tiveram jogos da Copa, ainda não conhecia a famosa Arena de Pernambuco. Oia pense num nome chique. Assisti aos jogos pelo sofá, no conforto do lar com uma loira gelada na mão. Não tinha dinheiro pra gastar em estádio não, só pela chiquesa dele eu ia ter que vender um rim pra comprar o ingresso. E eu, com 51 anos, ainda não tinha ido a um estádio. Os motivos eram vários, mas o medo da violência era o maior deles. Me pelava de medo quando via pela televisão aquelas tragédias e quebra quebra nos estádios, me tremia todinho, vôti. Imagina se eu tô no meio? Não sobra nem o rim.
Apesar da idade, sou um ‘caba’ medroso que só, não gosto de confusão. Mas depois desses três anos juntando dinheiro no porquinho resolvi comprar meu ingresso e agora eu vou ver o jogo do meu Sport e conhecer a famosa arena e de hoje não passa! Deixei o medo em caso e fui. Os desafios já começaram no meio do caminho, uma verdadeira luta de resistência. Sobe aqui, desce ali, pega integração, ônibus queima parada, ufa! Ainda bem que eu tinha saído cedo, cheguei lá era umas 16h. Arena lotada, um mar vermelho e preto e o coração? Batendo forte que só ele.
Entrei no estádio, vibrei com a torcida, senti aquela emoção. O Sport fez um gol! Gooooool de Diego Souza! Que emoção! Me agarrei com a torcida, chorei e comemorei. Quando pisquei, já tinha dado 90 minutos. Ah, que pena que tinha acabado, queria mais. É, até que sobrevivi. Não teve briga, consegui voltar pra casa, daquele jeito, né? Pega aqui desce ali, ônibus queima parada, mas cheguei e cheguei feliz. E foi nesse dia que eu vi que valeu a pena ter juntado durante três anos as moedas no porquinho pra comprar o ingresso. Agora vou comprar mais uns quatro porquinhos pra juntar mais dinheiro. O orçamento é apertado, mas o prazer que eu vivi hoje quero ter por mais muitos anos! As histórias que eu vou contar de agora em diante pra vocês é o que vivo todas as vezes que vou a um estádio de futebol.
Por Sharon Baptista